Shibas coçando, como avaliar e tratar
Costumo dizer que “a dor é minha amiga“, por que denuncia alguma anormalidade no organismo. Assim também é com as alergias, humanas ou em cães. Morando em um sítio, pleno de vegetação e polem, sempre sofro de alguma alergia na primavera. De acordo com meu médico, não tomo remédios, pois que o desconforto é moderado e os anti-histamínicos agem apenas no sintoma.
Já com meus cães, não suporto vê-los coçar. Me culpo por ser leigo e não distinguir, em casos brandos, se é algo normal ou patológico.
Aquele coça-coça pode parecer uma cena banal, mas às vezes pode indicar algum incômodo na pele do cão que, sem dúvida, merece a atenção A alergia apresenta sinais visíveis, a principal é a coceira constante, e, num estado mais avançado, vermelhidão e feridas na pele. Há diferentes fatores que causam a alergia, e o diagnóstico correto é importantíssimo para o tratamento.
De acordo com a 2023 Nationwide Survey on pet insurance data, sobre dados de seguros para animais de estimação, nos Estados Unidos pelo décimo primeiro ano consecutivo a dermatite alérgica foi a principal razão pela qual os cães foram levados ao veterinário
Alergia, o que é?
Quando uma substância estranha entra em contato com o organismo – por via respiratória, cutânea ou digestiva – o sistema imunológico produz anticorpos naturalmente para se defender. O problema é quando a reação é exagerada, causando sensibilização ou hipersensibilização, o que caracteriza a alergia.
Como encontrar a causa
Ainda que as mais comuns sejam as alergias alimentares, há uma sequência racional de pesquisa das causas, melhor explicada no vídeo anexo.
Dermatite alérgica à picada de pulga (DAPP): os componentes que desencadeiam a hipersensibilidade estão na saliva da pulga; apresentam sinais clínicos na pele; porém, alguns cães podem desenvolver maior resposta protetora e não sofrerem desse tipo de alergia. O mesmo vale para a carrapato. Basta eliminar os parasitas e o problema está resolvido.
Hipersensibilidade de Contato: pouco comum nos cães, essa alergia ocorre quando há uma reação exagerada logo no primeiro contato com alguma substância biológica ou química, tal como alvejantes, produtos com cloro, etc.
Normalmente se encontra nas almofadas plantares, ou do lado do corpo, onde há o contato com os resíduos do produto. Basta identificar o produto e não mais o utilizar.
Malassezia, um gênero de fungo, frequentemente encontrado na pele, canais auditivos, nariz, superfícies orais, superfícies perianais, sacos anais e vagina de cães. As manifestações clínicas mais comuns incluem hiperpigmentação, seborreia oleosa e diversos graus de prurido. Basta identificar o fungo e fazer o tratamento específico.
Demodécica (lepra canina, sarna negra) causando lesões que podem dar origem a feridas mais severas, escurecidas. Normalmente, as feridas são localizadas em torno dos olhos, em torno da boca, no entrededos e cotovelos. Há raças mais predipostas, entre as quais não se encontra o Shiba.
Alergia alimentar: intolerância ou hipersensibilidade a algum ingrediente da ração, como carne bovina ou de frango, trigo, arroz, leite, pode causar coceiras na pele e manifestações gastrointestinais, vômitos e diarreia.
Por tentativa e erro, ou por ação mais abrangente definida pelo Veterinário, é necessário descobrir o alimento culpado e o suprimir da dieta. Hoje as rações já possuem formulações alternativas que facilitam a superação. Basta apresentar o problema para o fabricante e esperar uma recomendação.
Pele ressecada não tem lesão, apenas pele seca, esbranquiçada, que solta escamação. Basta hidratar, com produto apropriado.
Dermatite atópica canina: é uma alergia que apresenta componente hereditário, com maior prevalência em certas raças e linhagens, entre as quais não está o Shiba. Apresenta sinais clínicos na pele, como coceiras, queda de pelo, feridas, entre outros.
O termo dermatite atópica no cão é frequentemente usado como sinônimo de atopia (tendência hereditária a desenvolver manifestações alérgicas). Os principais alérgenos são pólens de árvores (cedro, freixo, carvalho, etc.), pólens de gramíneas, pólens de ervas daninhas (ambrósia), mofo, bolor e ácaros do pó doméstico.
Muitas dessas alergias ocorrem sazonalmente, como ambrósia, cedro e pólen de gramíneas. No entanto, mofo, bolor e ácaros ocorrem durante todo o ano. Em cães, a dermatite atópica se manifesta com coceira na pele (prurido). O cão pode esfregar o rosto, lamber os pés e coçar as axilas.
A maioria dos cães com dermatite atópica começa a apresentar sinais entre um e três anos de idade. Os cães afetados geralmente reagem a vários alérgenos e apresentam alergias concomitantes a pulgas ou alimentos. Se os alérgenos agressores puderem ser identificados por testes cutâneos intradérmicos (testes cutâneos) ou exames de sangue, o cão deve ser protegido da exposição a eles tanto quanto possível.
Como a maioria desses alérgenos são ambientais, isso é difícil e são prováveis episódios recorrentes. Os sintomas da atopia podem ser controlados, mas geralmente não é possível uma cura permanente. O tratamento depende em grande parte da duração da estação alérgica específica. Pode envolver uma ou mais das três terapias a seguir:
Terapia antiinflamatória. O tratamento com antiinflamatórios, como corticosteróides ou anti-histamínicos, bloqueará rapidamente a reação alérgica na maioria dos casos. Suplementação de ácidos graxos na dieta às vezes pode melhorar a resposta aos esteróides e anti-histamínicos.
Existem alternativas mais recentes para bloquear sinais químicos específicos associados à coceira em cães. Esses medicamentos incluem medicamentos orais diários e injeções de ação prolongada. O veterinário pode ajudá-lo a determinar se esses medicamentos podem ser apropriados para seu cão.
Terapia com shampoo. O banho frequente com um shampoo hipoalergênico pode acalmar a pele inflamada e com coceira. O banho também elimina os alérgenos da pelagem que podem ser absorvidos pela pele. Alguns shampoos terapêuticos também contêm ingredientes anti-inflamatórios que podem beneficiar ainda mais seu animal de estimação. O problema será secar completamente o Shiba, com a pelagem dupla que tem.
Terapia de hipossensibilização ou dessensibilização. Se os antígenos agressores específicos forem identificados por testes, um soro para injeção de alergia ou injeções para alergia podem ser administrados ao seu cão. Com este tratamento, quantidades muito pequenas do antígeno são injetadas semanalmente. Esta dosagem repetida tem como objetivo reprogramar ou dessensibilizar o sistema imunológico.
As taxas de sucesso variam com este tratamento. Aproximadamente 50% dos cães tratados apresentam melhora significativa em seus sinais clínicos, enquanto aproximadamente 25% a mais observarão uma diminuição na quantidade ou frequência ou no uso de corticosteróides.
Terapia nutricional. Certas dietas são formuladas para reduzir a coceira causada pela dermatite atópica. Com ingredientes que melhoram a saúde da pele e reduzem a resposta inflamatória, essas dietas podem reduzir a coceira em animais alérgicos. Essas dietas podem ser indicadas por seu veterinário.
Como curar, de fato
Pode ser tentador, tentar aliviar o desconforto do cão através de remédios caseiros ou medicamentos sem receita, mas isso pode piorar o problema.
Shampoos e óleos de venda livre, tais como óleo de coco, podem provocar alívio temporário, mas retornar com piora. Anti-histamínicos, são pouco eficientes em combater as coceiras devidas a causas ambientais em cães. Esteroides, mesmo prescritos por um veterinário, podem ser eficazes na redução da coceira, mas podem causar efeitos colaterais. E sua aplicação precisa ser feita e monitorada com cuidado.
Encontrar a causa do problema, em conjunto com o Veterinário, é o único meio de solucionar:
ENFRENTE O PROBLEMA, NÃO TENTE CONTORNÁ-LO
O choque anafilático
A coceira não é o único sinal de alergia, há outros como a urticária, etc. Talvez o mais alarmante de todos os tipos de reações alérgicas em cães seja o choque anafilático, ao qual os cães são tão sujeitos como os humanos.
Eles representam uma reação grave a um alérgeno, quando os anticorpos produzidos reagem negativamente ao alérgeno, diminuindo rapidamente a pressão arterial do cão e deixando-o em estado de choque. Isso pode ser fatal se não for tratado, mas felizmente as reações anafiláticas são raras em cães.
Pode ser uma resposta a qualquer alérgeno, mais comumente picadas de abelha ou vespa, ou reações a vacinas.
Por causa disso, seu veterinário sempre recomendará ficar de olho em seu cão depois que ele receber qualquer nova vacina, medicamento ou alimento, pois ele pode ser alérgico.
Se o cão teve um incidente passado, o dono pode carregar uma “caneta de adrenalina“, como medida preventiva.