PADRÕES DAS RAÇAS
PADRÕES DO SHIBA
PADRÕES SÃO FUNCIONAIS
PADRÕES: HISTÓRIA
PADRÕES SÃO DINÂMICOS
PADRÕES: A NIPPO É O EPICENTRO
PADRÕES: VARIEDADES DE SHIBAS
PADRÕES E O MAMESHIBA
PADRÕES DO ROTTWEILER, EXEMPLO
Um amigo, envolvido com sucesso e como iniciante em exposições de Shibas, decidiu conhecer melhor o elenco cultural que esse “esporte” abrange. Nele está a questão dos padrões, que no caso do Shiba tem um diferencial importante.
PADRÕES DAS RAÇAS
Toda a raça, entre as mais de trezentas reconhecidas pela Federação Cinológica Internacional (FCI), órgão máximo da cinofilia internacional, no Brasil representada pela Confederação Brasil Kennel Clube (CBKC), dispõe de um padrão. Os padrões são normalmente geridos pelo país responsável pela raça, no caso do Shiba, o Japão.
Os padrões das raças definem o cão almejado pelos criadores daquela raça, ou seja, um modelo ideal de como o cão deveria ser. Assim, é um objetivo inatingível, para nortear os esforços da comunidade na busca da maior aproximação possível.
Neste estudo, Elettra Grassi, principal criadora de Shibas no mundo, explana o padrão em vigor, da FCI, para o Shiba com as últimas alterações de 2007.
PADRÕES DO SHIBA
O padrão do Shiba foi criado pela NIPPO em um modelo próprio: há um só padrão para todas as raças japonesas, que possuem pontos de identidade e diferenças específicas. Portanto, há um só padrão para as seis raças japonesas, das quais o Shiba é a menor.
Os detalhes diferenciais de cada raça, tal como a altura, a conformação dos olhos e das orelhas e tudo o mais que é específico do Shiba são esclarecidos em Resoluções de Julgamento. Nessas resoluções há descrições e até diagramas detalhando tais características.
Portanto, para julgar um Shiba conforme o padrão Nippo, é preciso aprender o padrão do cão nativo japonês, primeiro, e considerar todas as Resoluções de Julgamento que se referem ao Shiba, em seguida.
O padrão da Nippo é sobranceiro para definir o Shiba. Mas a Nippo se limita, em termos territoriais, ao Japão.
Entretanto, o Japão possui, também, o Japan Kennel Club (JKC) que é filiado à FCI. Então, o padrão utilizado no resto do mundo para julgamento do Shiba, oficialmente, é o padrão da FCI, sob os auspícios do JKC, e em inglês. Diferente do anterior, esse padrão obedece à conformação dos múltiplos padrões de raças da FCI, englobando todos os aspectos do julgamento em um documento único.
PADRÕES SÃO FUNCIONAIS
Os padrões oficiais das raças caninas são criados com base na história e função original de cada raça. Eles visam primordialmente a funcionalidade e não a estética. Consideram o papel que a raça desempenhava em sua origem. No caso dos Shibas, eles eram utilizados principalmente para caçar animais pequenos, como pássaros e roedores, em áreas montanhosas. Tentar transformar os Shibas em cães de companhia, apenas, fará com que percam muitas de suas atuais virtudes.
Os padrões descrevem a aparência geral da raça, incluindo tamanho, proporções e estrutura. Para um Shiba, isso significa ser um cão de tamanho pequeno, bem balanceado, com ossatura e músculos desenvolvidos. A cabeça do Shiba deve ter uma testa larga, stop bem definido e focinho moderadamente espesso, olhos triangulares e de cor marrom escuro. Essas características ajudam a manter a expressão alerta e inteligente necessária para a caça.
As orelhas do Shiba são pequenas, triangulares e eretas. O pescoço é grosso, forte e bem balanceado com a cabeça e o corpo. Essas características permitem que o Shiba se mova com agilidade e mantenha a atenção durante a caça. O dorso e o lombo devem ser retos, largos e musculosos. O peito é profundo, com costelas moderadamente arqueadas. Essas características garantem a força e resistência necessárias para perseguir presas e enfrentar terrenos acidentados.
O Shiba é inteligente, ativo e alerta. Sua independência também é uma característica importante, pois ele precisava tomar decisões rápidas durante a caça.
Em resumo, o padrão oficial do Shiba garante que os exemplares mantenham suas características originais e sejam funcionais tanto como cães de companhia quanto na caça. Cada detalhe, desde a forma da cabeça até a estrutura do corpo, contribui para a eficiência do Shiba em sua função histórica de caçador.
PADRÕES: HISTÓRIA
O The Kennel Club foi fundado em 4 de abril de 1873 por S.E. Shirley e outros doze cavalheiros. Eles queriam ter um conjunto consistente de regras para disciplinar as novas atividades populares de exibição de cães e testes de campo. Foi o primeiro kennel clube do mundo. Em suas exposições, inicialmente, os cães eram julgados mediante o conhecimentos dos árbitros cinófilos, ainda que não houvessem padrões escritos.
O primeiro padrão redigido foi o do Staffordshire Bull Terrier, reconhecido pelo The Kennel Club em 1935
Mas, o Shiba é possivelmente uma das raças caninas mais antigas, ainda que tenha sido mantida informalmente, até que viessem a surgir os “stud books” na Inglaterra e no mundo.
Mas, é sabido que os Samurais, encarregados de zelar pelos cães de seus daimyos, mantinham livros onde anotavam as características desejadas dos cães e quais as características mais favoráveis para a caça, entre outras. Esses compêndios, mantidos reservadamente em família, constituiam os primórdios dos futuros padrões.
PADRÕES SÃO DINÂMICOS
Tanto o padrão da Nippo como o da FCI são atualizados, de tempos em tempos, conforme necessidades verificadas na época, de enfatizar algum aspecto do cão que esteja em risco de degenerar. Para a Nippo é mais fácil, pois que ela apenas emite mais uma Resolução de Julgamento (que até hoje não excedem 20).
Nós brasileiros podemos entender melhor o fato de que o Padrão do Shiba é a “Constituição” da raça, e que a emissão de “Propostas de Emenda à Constituição” deveria ser um procedimento frugal, não rotineiro, motivo pelo qual ele permanece quase inalterado desde o seu surgimento.
No caso da FCI é preciso reeditar o padrão inteiro, o que ocorreu pela última vez em 2007, como se pode ver no estudo de Elettra Grassi aqui apresentado, onde ela expõe os motivos das alterações havidas.
Meu irmão praticava tiro olímpico com armas curtas. Claro está que as competições eram realizadas mediante um conjunto de regras, em que ressaltavam a distância e o tempo para a sequência de disparos. Ocorre que não só as armas eram aprimoradas, como, por exemplo, deixando de ter gatilhos mecânicos e passando a ter um botão eletrônico, como também os procedimentos de treinamento dos atiradores eram melhorados. Assim, chegava um momento em que mais de um atirador conseguia fazer a pontuação máxima. Todos os tiros na mosca. Então, era preciso aumentar a distância ou reduzir o tempo.
O caso dos padrões tem um componente similar, como no caso da dentição, em que se obteve uma melhoria tal que as regras anteriores, mais permissivas, puderam ficar mais rigorosas. Além disso, tendências indesejadas, tal como a mera valorização da beleza física, que conduziam machos a se tornarem efeminados, precisaram ser contidas, com a exigência de uma aparência mais adequada ao sexo.
PADRÕES: A NIPPO É O EPICENTRO
A associação dedicada a preservação e valorização da raça Shiba nos Estados Unidos, O National Shiba Club of America (NSCA), mantém exposições duas vezes por ano com juízes japoneses com protocolo NIPPO, bem como, além disso, promove expedições de caça com Shibas, acompanhadas pelos japoneses, para que os cães não percam seus instintos. A NSCA edita material de treinamento e mantém uma relação de Mentores de Treinamento para Juízes, sempre disponíveis para esclarecimentos.
Na Europa, os melhores criadores europeus, tais como Elettra Grassi, da Itália, que conquistou o campeonato europeu diversas vezes, e Silvia Esposito, da Espanha, de igual desempenho, fazem questão de levar seus Shibas para serem julgados no Japão, por juízes da Nippo, de forma a consagrar o acerto de suas linhagens.
Pouco sei sobre a Rússia, que mantém um plantel de Shibas importante, mas pelo que acompanho, também respeitam a Nippo.
PADRÕES: VARIEDADES DE SHIBAS
Extraído diretamente do site da Nippo em 27/04/2024:
A Sociedade Japonesa de Preservação de Cães não emite pedigrees que indiquem “Mameshiba” para cães com nomes semelhantes, como Mameshiba e Koshiba.
A altura padrão do Shiba Inu foi estabelecida em setembro de 1934. A altura padrão para cães machos é 39,5 cm sendo permitida uma variação de 1,5 cm para mais ou para menos, enquanto para cadelas é de 36,5cm, permitindo que varie também entre 35cm a 38cm. Desde 1934 então, a altura ideal do Shiba tem mantida. Porém, há cerca de dez anos, começamos a ouvir os nomes Mameshiba, Koshiba ou Mini Shiba.
O ato de diminuir e reduzir o tamanho do Shiba anula fundamentalmente o propósito desta associação, que é fixar o Shiba Inu em sua forma correta e passá-lo para as gerações futuras, e nega a verdadeira forma do Shiba como cão japonês.
Esses cães chamados Mameshiba estão sendo anunciados e promovidos em alguns lugares como se fossem uma raça rara, e perguntas e reclamações foram recebidas de pessoas que não sabem muito sobre Shiba. Isso viola os padrões e regulamentos de registro de cães japoneses estabelecidos. pela Sociedade, e também confunde o pedigree dos cães japoneses. A Nippo (Sociedade Japonesa de Preservação de Cães) não reconhecerá este cão porque está abaixo do padrão e tem baixa altura.
Observação de igual teor está contida no site da JKC.
Assim, como se vê, a Nippo é intransigente na defesa do único padrão do Shiba, que garante que a raça não degenere. Não há Shiba argentino, shiba americano, shiba (?), há um só Shiba, em que os divergentes devem ser penalizados na medida de seus desvios.
O que existem são linhagens, melhores ou piores, com característica específicas, visto que geradas pelo mesmo pool genético. Elas serão mais ou menos aderentes ao padrão, mas, sempre, os dévios do padrão serão penalizados, inclusive ao phttps://www.shibashow.com.br/shiba/historia-do-shiba-moderno/onto de desqualificar o animal. Um Shiba desclassificado, por falta grave, torna-se um “não Shiba”, ou seja, impedido inclusive de ser reproduzir formalmente, apesar de ter pedigree.
PADRÕES E O MAMESHIBA
O mesmo com o Mameshiba: é como comparar um cavalo árabe com um ponei, o primeiro tem virtudes funcionais, o último serve como enfeite e para agradar crianças. Se querem produzir uma nova raça, que não usurpem o nome e se submetam ao complicado e demorado processo de “canonização” dela.
PADRÕES DO ROTTWEILER, EXEMPLO
Ainda nesta semana, li a algumas propagandas de Rottweiler, em que eram apresentadas “variedades”: gigantes, com cabeça de touro, etc… Tais “devaneios” de cunho mercantilista, que afirmam uma subespécie “melhor”, na verdade são corruptelas que, todas, levam à piora do animal.
O Allgemeiner Deutscher Rottweiler-Klub (ADRK) tem uma excelente estrutura de criação, em que há técnicos encarregados de fiscalização direta e local de todas as ninhadas. O criador tem que obter autorização prévia para cruzamento, se quiser registrar a ninhada posteriormente.
Esses técnicos, normalmente também juízes, estudam permanentemente os resultados verificados, em comparação com o padrão da raça. Nisso são auxiliados, inclusive, por exames radiológicos. Os genitores que produzirem falhas serão impedidos de reproduzir.
É importante esclarecer que os padrões cinófilos não são arbitrários, eles são antes de tudo funcionais, ou seja, descrevem o cão que possui as melhores características para a função a que se destina. Sempre que um exemplar se desvia do padrão, ele, em princípio, perde capacidade. É o caso do Rottweiler gigante, que se demonstrou mais lerdo e fraco do que os de tamanho correto