MEDO DE FOGOS: O PROBLEMA
A sensibilidade dos cães a sons altos, como fogos de artifício e tiros, tem sido objeto de diversos estudos científicos. No Brasil, estudo da UFRJ revela que expressiva percentagem dos tutores admitem que o seu animal sofre de algum tipo de medo ou sensibilidade aos sons.
Outros estudos, internacionais, com destaque para um Norueguês recente, abrangendo 17 raças diferentes mas baseada em Poodle, confirmam essa prevalência. Mais do que isso, indicam que a herdabilidade é expressiva, dentro dessas raças.
Em vista disso, o medo canino a fogos de artifício e estampidos está sendo considerado normal e, nos finais de ano, proliferam os artigos e campanhas para criminalizar tais modalidades de comemoração.
Vamos nos manifestar a respeito, em relação aos Shibas e outras raças.
RAÇAS AFETADAS
Como vimos, parcela expressiva da população é assustada por estampidos, o que compreende as mais diversas raças, de forma generalizada ou casos individuais em raças isentas, apenas. Mas, há diferenças: algumas raças têm maior frequência de ocorrências, bem como a graduação do pânico é variável. Outras têm menor frequência, como o Boxer e o Dogue Alemão.
Como sabemos, as raças caninas são agrupadas por função e, nesse caso, as raças de guarda e as de caça, pelo menos, não deveriam apresentar esse traço de temperamento, senão em linhagens espúrias.
Grupos caninos
Grupo 1 – Cães Pastores e Boiadeiros, exceto os Suíços.
Grupo 2 – Cães do Tipo Pinscher e Schnauzer, Molossos e Boiadeiros Suíços.
Grupo 3 – Terriers.
Grupo 4 – Dachshunds.
Grupo 5 – Cães do Tipo Spitz e do Tipo Primitivo.
Grupo 6 – Cães do Tipo Sabujo e Rastreadores.
Grupo 7 – Cães de Aponte.
Grupo 8 – Cães Levantadores, Recolhedores e de Água.
Grupo 9 – Cães de Companhia.
Grupo 10 – Lebréis.
Grupo 11 – Raças não reconhecidas pela FCI.
RAÇAS IMUNES
Há raças em que a indiferença é exigida:
Rottweiler
Para esta raça, o Padrão dispõe:
“DESQUALIFICAÇÕES
……………
Comportamento: Animais ansiosos, tímidos, covardes, com medo de tiro, ferozes, excessivamente desconfiados, nervosos.
………………….”
Veja bem que o medo de tiro não é apenas uma falta grave, mas sim uma condição desqualificante. Portanto, se um Rottweiler for identificado em uma exposição com esse vício ele será desqualificado, ou seja, será emitida uma comunicação para a Confederação Brasil Kennel Clube, que a reportará à FCI, de que o exemplar não é mais considerado um Rottweiler, não podendo competir futuramente.
Parece drástico, mas é necessário, eis que um cão de guarda, um cão de polícia, não pode se acovardar com um tiro. O correto para o Rottweiler é ignorar o tiro ou estampido. Ou seja, não é ficar latindo ou ter qualquer outra reação: é ignorar.
Pastor Alemão
Como já relatamos em outro post, os Pastores Alemães são uma raça que recebe um cuidado muito competente por parte dos respectivos clubes e seus criadores.
Fiquei muito contente em saber que mesmo no Brasil, a Sociedade Brasileira de Cães Pastores Alemães (SBCPA), mantém estrutura e protocolos para garantir a excelência da raça. Nossa amiga Amanda confirmou que os Pastores, além de tantos outros procedimentos elogiáveis, são submetidos a testes de comportamento quanto ao tiro (e por consequência a estampidos similares) quando, como na Alemanha, são autorizados a reproduzir e quando, a partir dos 18 meses de idade, são apresentados em exposições.
Portanto, possuir um Pastor Alemão registrado já corresponde a um atestado de qualidade nesse (e em tantos outros} aspecto, pois que seus genitores não apresentaram sensibilidade ao tiro. Maiores informações na secretaria da sociedade [email protected] ou no telefone (81) 9 9988-1437,. No RS na Sociedade Gaúcha de Criadores de Cães Pastores Alemães (51) 3259-1313 .
O SHIBA
O Shiba, esse nosso pequeno samurai, não tem uma regra tão explicita, embora os predicados de temperamento que dele se exigem deixam bem claro que não se acovardará.
O Shiba é um cão de caça. Assim, quando provém de uma boa linhagem, ignora estampidos e tiros. Shibas com medo de fogos de artifício são incorretos.
Como noticiamos em post anterior, relativo ao boletim da NIPPO, essa associação mantém um esforço de envio de juízes ao exterior para garantir a preservação da raça, inclusive promovendo expedições de caça. Esse programa, prejudicado pela pandemia da COVID, já está sendo restabelecido.
Portanto, a perfeita solução para o problema é adquirir um exemplar correto, de uma raça isenta, de boa linhagem, que vai ignorar tais estampidos.
Minha Shiba pessoal, a Kiko, concebeu três filhotes no dia 30 de dezembro. Assim, na virada do ano, ela estava em sua caixa de cria amamentando os filhotes durante as “comemorações”: nem ela nem os filhotes ficaram minimamente perturbados, como deve ser.
Outras raças, como o Labrador e outros cães de caça também devem ter o mesmo comportamento. Compre certo, de um bom criador, e não terá que se preocupar com isso.
PREVENÇÃO
A melhor iniciativa de prevenção, como dissemos, é adquirir Shibas corretos, de boas linhagens. Assim, aqui no ShibaShow não temos este problema, nossos cães não são afetados por tiros ou foguetes. Da mesma forma, não temos notícias de que seus filhos o tenham.
Ainda assim, por medida de boa cautela, condicionamos os filhotes, não apenas para tiros e foguetes, mas também para outros sons estranhos, tais como decolagem de avião e coisas do tipo, conforme pode ser visto aqui.
Considerando que os estudos demonstram uma elevada herdabilidade do defeito, nos desvencilhamos de quaisquer exemplares que o possuam, para não transferir o problema para nossos clientes.
MEDIDAS PALIATIVAS
Caso não tenha se preocupado com o problema ao escolher seu companheiro de quatro patas, ou por algum trauma superveniente que o leve a enfrentar o desconforto por estampidos, veterinários recomenda para minorar os efeitos as seguintes medidas, que você pode adotar para ajudá-lo a superar os temores:
AMBIENTE ACONCHEGANTE
Prepare um local seguro, preferencialmente dentro de casa, por já ser um local ao qual o animal poderá estar familiarizado. Feche portas, janelas e cortinas para reduzir a entrada dos sons e ruídos externos.
Estar contidos, fechados, evita que animais assustados fujam desnorteados, para a rua ou se molestem em grades, lanças, e outros obstáculos.
COMPORTAMENTO CALMO
Permaneça junto ao animal, sem demonstrar agitação, proporcionando tranquilidade e segurança.
VOLUME DE SONS INTERNOS
Ligue a televisão ou toque música, aumentando o volume gradualmente, durante a vigência de estampidos externos.
TRANQUILIZE O ANIMAL
Passe a mão sobre o dorso e barriga do animal, em gesto de carinho. Isso promove sensação de segurança e tranquilidade.
NÃO O PRENDA
O animal não deve estar preso a guias, pois pode se assustar com o barulho excessivo e se ferir gravemente. Coleiras do tipo peitoral são mais seguras, mas, ainda assim, não é recomendado que o animal fique preso nesses períodos.
NÃO O ALIMENTE
Não é indicado alimentar o animal minutos antes ou durante o barulho de fogos de artifício, pois o estresse e a agitação podem resultar em situações de engasgos.
PROVIDENCIE UMA IDENTIFICAÇÃO
A identificação pode auxiliar na localização do pet perdido em casos de fugas causadas pelo barulho de fogos de artifício.
NÃO O ABANDONE
Durante o barulho de fogos de artifício e tempestades, recomenda-se que os tutores permaneçam em ambiente seguro e apropriado, junto aos seus animais, para monitoramento e diminuição do estresse.
REGISTRE UMA CLÍNICA
Em casos de emergência é de extrema importância que o tutor esteja atento e leve o animal o quanto antes para a clínica ou hospital veterinário 24h mais próximo. O cuidado precoce pode fazer toda a diferença no prognóstico e desfecho do caso.
Por isso, é altamente recomendado que o tutor tenha registrado em local de fácil acesso o número do telefone e o endereço do local para atendimento veterinário emergencial. Isso porque que animais machucados ou em choque por consequência do barulho de fogos de artifício podem precisar de socorro imediato.